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CMO aprova Orçamento 2025 e texto vai a Plenário
A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou nesta quinta-feira (20) o relatório final do senador Angelo Coronel (PSD-BA) ao projeto de lei orçament...
20/03/2025 15h27
Por: Redação Fonte: Agência Senado

A Comissão Mista de Orçamento (CMO) aprovou nesta quinta-feira (20) o relatório final do senador Angelo Coronel (PSD-BA) ao projeto de lei orçamentária (LOA) de 2025 ( PLN 26/2024 ). O texto, que foi entregue na madrugada, segue agora para o Plenário do Congresso Nacional.

O relator-geral destacou o superávit de R$ 15 bilhões — valor que sobra após gastos do ano — para 2025, mais de quatro vezes o previsto na proposta original do Poder Executivo. O valor respeita a meta fiscal de déficit zero — com tolerância de até R$ 31 bilhões, para mais ou para menos — previsto na Lei de Diretrizes Orçamentárias

— Eu acho que esses 90 dias em que [o relatório] deixou de ser votado [com relação ao prazo dezembro] foi de grande valia para o Executivo, que conseguiu corrigir distorções. Deixaremos para o governo mais de R$ 12 bilhões relativos a um ajuste inflacionário. [O aumento de superávit] é coisa inédita na história da CMO. Pode garantir a continuidade de programas muito importantes para a população, como o Pé-de-meia — disse.

Coronel explicou que o grupo de parlamentares da CMO que analisa a receita identificou que as mudanças da economia — como crescimento econômico e salários dos brasileiros — ocorridas desde setembro, quando o projeto original foi enviado, permitem maior otimismo na arrecadação para os cofres públicos neste ano.

O superávit serve para custear gastos futuros sem previsão no orçamento (créditos adicionais) e para diminuir a dívida pública. No entanto, o cálculo da CMO não considera despesas de R$ 44,1 bilhões com precatórios — pagamento que o Estado faz ao cidadão quando sua demanda é atendida por juiz —, amparada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Principais alterações

O relatório final aumentou R$ 11,9 bilhões em despesas com relação ao projeto do governo federal, totalizando R$ 5,7 trilhões. A área mais beneficiada foi a saúde, com aumento de R$ 24,4 bilhões no Congresso Nacional, reflexo da obrigação de que metade das emendas individuais sejam para essa função.

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Já as mudanças mais expressivas dos parlamentares em números relativos foram nas autorizações de gastos em esporte e lazer — mais de seis vezes o valor inicial de R$ 435 milhões — e em urbanismo — mais de três vezes os R$ 2,8 bilhões sugeridos pelo governo.

Principais programas

Coronel apontou os seguintes valores para programas que ele considera como os mais importantes:

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Programa

Valor no relatório

Comparação com LOA de 2024

Bolsa Família

R$ 160 bilhões

R$ 9 bilhões a menos

Programa de Aceleração de Crescimento (PAC)

R$ 60 bilhões

R$ 13,1 bilhões a mais

Auxílio-gás

R$ 3,6 bilhões

R$ 200 milhões a menos

Farmácia Popular

R$ 4,2 bilhões

R$1,2 bilhões a menos

Emendas parlamentares

Coronel teve a tarefa de adequar o projeto às novas regras sobre emendas parlamentares, fruto de acordo entre os três Poderes: a Resolução 1/2025, do Congresso Nacional ; e a Lei Complementar 210, de 2024 . Uma das novidades é o limite de R$ 11,5 bilhões para as emendas de comissão em 2025, das quais um terço se refere aos colegiados de senadores e dois terços, dos deputados.

O teto para emendas de comissão freia o aumento que elas tiveram nos últimos anos. De 2023 para 2024, o reajuste de gastos feito pelas comissões mais que dobrou, chegando a R$ 14,2 bilhões.

As emendas parlamentares individuais também tiveram menor impacto nas alterações do projeto original. Os acréscimos dos senadores foram R$ 88,8 milhões a menos que em 2024, segundo o relatório final daquele ano.

Para compensar, as emendas das bancadas estaduais, que crescem desde 2022, são responsáveis por R$ 14,2 bilhões em autorizações de despesas, quase R$ 3 bilhões a mais que em 2024.

Pé-de-Meia

O programa Pé-de-Meia, alvo de controvérsia entre governo federal e Tribunal de Contas da União (TCU), foi incluído no orçamento para atender a decisão do tribunal em fevereiro . No entanto, os valores serão liberados aos poucos mediante projeto de lei a ser enviado pelo Poder Executivo sempre que necessário, segundo acordo feito com Coronel na quarta-feira passada (12).

A negociação também resultou no corte de quase 5% da proposta original para o Bolsa Família (R$ 7,7 bilhões) para subsidiar o Pé-de-Meia. A redução deve mirar os beneficiários que recebem o Bolsa Família de forma irregular.

O Pé-de-Meia tem como objetivo diminuir a evasão escolar por meio de benefício de R$ 200 por mês para 3,9 milhões de estudantes permanecerem no ensino médio, além de um adicional de R$ 1 mil ao final de cada ano concluído.

Reajuste para servidores

Coronel afirmou que reservou R$ 22 bilhões para assegurar o reajuste salarial de 9% para a maioria dos servidores do Poder Executivo. Segundo o relator-geral, os valores contemplam o pagamento das parcelas desde janeiro, que não foram pagas em razão de ainda não haver a LOA aprovada.

Prazos

O texto deveria ter sido aprovado pelo Congresso Nacional até 22 de dezembro, segundo a Constituição. Além disso, a votação do relatório na CMO tem como prazo máximo o dia 25 de março, quando a composição do colegiado é completamente renovada com a proibição de repetição dos membros — o que incluiria Coronel.

Para não perder o prazo, a CMO dispensou prazos previstos no regimento interno e outras regras como a análise das emendas de relator-geral pelo comitê responsável por esta tarefa.

Senadores

O senador Zequinha Marinho (Podemos-PA) elogiou o parecer final e defendeu a autonomia do Legislativo na discussão e ajustes da peça orçamentária. Segundo ele, é através dessa atuação parlamentar que a maioria dos municípios brasileiros consegue ser beneficiada com obras e serviços.

A senadora Professora Dorinha Seabra (União-TO), por sua vez, defendeu a aprovação de um destaque para o acolhimento de emenda de redação de sua autoria. Dorinha sugeriu ajustes na redação do parecer final permitindo ao Ministério da Educação a criação de cargos para seis novas universidades federais sem que para isso seja preciso a aprovação de projeto no Congresso Nacional.

O objetivo, segundo a senadora, é oferecer condições para que essas novas universidades finalizem seu processo de criação e passem a funcionar efetivamente. As instituições ficam nos estados do Goiás, Mato Grosso, Tocantins e Piauí.

O senador Izalci Lucas (PL-DF) afirmou que o governador do Distrito Federal, Ibaneiz Rocha, recentemente anunciou aumento para a Polícia Civil, Polícia Militar e Corpo de Bombeiros do Distrito Federal, sem que haja previsão orçamentária para essa medida no texto que está sendo votado pela CMO. Isso porque, segundo o senador, o governo federal não encaminhou ao Congresso a proposta enviada pelo governo do DF de recomposição salarial dessas categorias.

Mais informações a seguir

O senador Angelo Coronel é o relator do Orçamento 2025 - Foto: Roque de Sá/Agência Senado