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Dengue: 1 milhão de doses da vacina podem ser entregues pelo Butantan
Medida aguarda aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária
27/03/2025 16h27
Por: Redação Fonte: Agência Brasil

A aprovação da vacina da dengue produzida pelo Instituto Butantan continua sob análise na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Caso seja aprovada, a Butantan-DV , como tem sido chamado o imunizante, será a primeira vacina do mundo em dose única contra a doença .

A Anvisa é o órgão responsável por autorizar o registro de medicamentos e vacinas no país , avaliando a eficácia, segurança, qualidade e as condições de fabricação de imunobiológicos que podem futuramente ser comercializados e oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Segundo o Butantan, os ensaios clínicos desta vacina foram encerrados em junho do ano passado, quando o último participante completou cinco anos de acompanhamento . Dados de segurança e de eficácia que foram divulgados no New England Journal of Medicine apontaram que este imunizante tem 79,6% de eficácia geral para prevenir casos de dengue sintomática . Já resultados da fase 3 do ensaio clínico publicados na revista científica The Lancet Infectious Diseases mostraram também uma proteção de 89% contra dengue grave e dengue com sinais de alarme, além de eficácia e segurança prolongadas por até cinco anos.

Caso o imunizante seja aprovado pela Anvisa em breve, o Instituto Butantan seria capaz de produzir até 1 milhão de doses ainda neste ano de 2025, informou o seu diretor, Esper Kallás.

“Nossa projeção é entregar 1 milhão de doses esse ano”, disse Kallás, em entrevista à Agência Brasil . “Mas em 2026 a gente aumentaria bastante e iríamos para 60 milhões de doses”, previu.

Essa vacina vem sendo estudada pelo Butantan há 25 anos, explicou o diretor do instituto.

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"Esta é uma vacina que foi descoberta por um pesquisador nos Estados Unidos e trazida para desenvolvimento no Butantan no começo dos anos 2000”, disse ele. “Ela é uma vacina tetravalente, ou seja, pega os quatro sorotipos de dengue para induzir uma resposta imune. E tem a vantagem de ser dose única, depende somente de uma injeção. Ela tem uma faixa etária bem mais ampla, de 2 a 60 anos, comparado com os outros produtos que já foram disponibilizados. Também independe da pessoa ter tido ou não ter tido dengue, que é outra grande vantagem”, destacou.

Segundo o diretor do instituto, os estudos clínicos para o imunizante foram feitos com pessoas entre dois e 60 anos de idade, mas a partir do final deste ano, o Butantan também prevê fazer estudos clínicos da vacina para pessoas acima dos 60 anos de idade.

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“E vamos estar apoiando um outro estudo para avaliação da vacina em pessoas que tem alguns problemas de resposta imune”, disse.

Chikungunya

Além da vacina da dengue, o Butantan também vem trabalhando para produzir uma vacina contra a chikungunya . Em dezembro de 2023 o Butantan solicitou à Anvisa a autorização de uso definitivo no Brasil, que já foi aprovado para utilização a partir dos 18 anos nos Estados Unidos, pela Food and Drug Administration (FDA) , e na Europa, pela European Medicines Agency (EMA) . Esse pedido prevê a aplicação do imunizante na população de 18 a 65 anos de idade, mas o Butantan vem também desenvolvendo testes clínicos do imunizante com a população mais jovem, de 12 a 17 anos, e que vive em áreas endêmicas do país.

“A gente espera a qualquer momento um posicionamento deles [da Anvisa] a respeito do licenciamento. Essa vacina já foi licenciada nos Estados Unidos em novembro de 2023 e em agosto de 2024 na União Europeia. E logo em seguida no Canadá”, falou Kallás. “Agora a gente espera que o Brasil tenha também essa felicidade de poder contar com uma vacina dose única, com 98,8% de proteção contra chikungunya”.

Caso seja aprovada, a primeira produção dessa vacina poderia contar com cerca de 3 milhões de doses.

“Mas lembro que essa é uma doença com epidemiologia um pouco diferente da dengue. Embora seja transmitida pelo mesmo mosquito, ela costuma se distribuir em bolsões. Isso significa que não é uma transmissão espalhada pelo país todo. Então talvez a gente tenha que usar de inteligências epidemiológicas para poder definir quais seriam as melhores estratégias para se utilizar essa vacina”.